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Presidente da Câmara mantém pressão por saída de Feliciano de comissão


O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), voltou nesta quinta-feira (21) a pressionar por uma solução para o impasse criado na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. O deputado Marco Feliciano (PSC-SP), alvo da polêmica, nega que haja crise.
Feliciano, eleito no início do mês para o cargo, é acusado por movimentos sociais de ser homofóbico e racista. Eles pedem a renúncia do parlamentar do comando da comissão. Feliciano nega as acusações e diz que apenas defende posições comuns aos evangélicos, como ser contra a união civil homossexual.

"Posso assegurar que esta Casa vai tomar uma decisão a curtíssimo prazo porque a Comissão de Direitos Humanos, pela sua importância, não pode ficar neste impasse", disse Alves. "Do jeito que está, situação da Comissão de Direitos Humanos e Minorias se tornou insustentável", disse Alves, que colocou como prazo limite para uma solução a terça-feira da semana que vem.

"Eu espero até no máximo terça-feira nós temos uma decisão. Agora passou a ser também responsabilidade do presidente da Câmara dos Deputados."
Ontem, após mais um dia de protestos contra o deputado durante a reunião da comissão, o líder do PSC na Casa, André Moura (SE), e o vice-presidente do partido, pastor Everaldo Pereira (RJ), foram cobrados por Alves para que apresentassem uma alternativa até terça, antes da próxima reunião do grupo.

Publicamente, Alves pediu "uma solução respeitosa" para o caso, mas avalia, segundo aFolha apurou, que a crise não deve terminar e pode contaminar outros setores. Por isso, o PSC deveria agir, na avaliação do presidente da Câmara, antes da próxima reunião da comissão.

Por enquanto, Feliciano nega que esteja pensando em renúncia.
Nesta quinta-feira, manteve compromissos como presidente da comissão. Encontrou-se, segundo sua assessoria, com o embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano Talavera, para tratar do caso dos torcedores corintianos presos naquele país desde o mês passado.

Também mantém sua conta no Twitter ativa, por meio da qual circula abaixo-assinado para sua permanência na comissão e volta a endossar o discurso, enquadrado pelo próprio partido, de que há um processo de difamação por parte de organizações LGBT contra evangélicos.

Ele segue na parte da tarde para São Paulo, onde ficará com a família.



'RITUAIS MACABROS'

Desde que assumiu o posto, no começo do mês, Marco Feliciano tem sido pressionado para deixar o cargo. Ontem, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que ele "não é adequado" para ocupar o cargo.
A pressão pela sua saída cresceu após a divulgação de um vídeo, na segunda-feira (18), com críticas aos seus opositores.

O material, publicado pela produtora de um assessor do deputado, e divulgado por Feliciano no Twitter, chama de "rituais macabros" os atos contra sua indicação e questiona a conduta de seus opositores.

Deputados anunciaram ontem que entrariam com queixa-crime na Justiça contra ele. Querem que a Polícia Federal investigue a ligação de Feliciano com o vídeo.
A sessão de ontem na comissão foi suspensa após menos de uma hora por causa de protestos de movimentos sociais contra o deputado.

A pauta da sessão previa uma audiência pública, que foi inviabilizada por gritos de "Feliciano não me representa" e "Fora, racista". Cerca de 50 manifestantes ocuparam o plenário da comissão.

O deputado tentou exercer sua autoridade. "Hoje eu vou falar uma vez só: se atrapalharem, a Polícia Legislativa vai ter que agir", disse ele, que pouco depois se viu forçado a deixar o local, sob vaias.

O deputado Henrique Afonso (PV-AC) assumiu o comando da comissão, mas não conseguiu controlar os manifestantes e encerrou a sessão.
Feliciano tem outro problema para resolver. O ministro do STF Ricardo Lewandowski enviou uma intimação para que ele preste depoimento sobre a ação penal na qual é acusado de estelionato.

Segundo a denúncia, ele recebeu R$13,3 mil para realizar dois cultos religiosos no Rio Grande do Sul, mas não compareceu aos eventos.

Fonte: Folha de São Paulo

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