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Boate estava em nome de laranjas, afirmam delegados em coletiva no RS

Autoridades comentam detalhes da investigação sobre o incêndio em coletiva (João Valadares/CB/DA Press)
Autoridades comentam detalhes da investigação sobre o incêndio em coletiva
Em coletiva à imprensa, nesta manhã de segunda-feira (28/1), delegados da Polícia Civil do Rio Grande do Sul informaram que a boate Kiss estava registrada em nome de laranjas. O local foi o palco de um cenário de terror nesse domingo (27/1), deixando um saldo de 231 mortos e mais de cem feridos. Dois músicos da banda Gurizada Fandangueira e um dos sócios da boate foram presos em caráter temporário, nas cidades de Mata e Cruz Alta, sendo que um deles ainda está internado em observação, porque teria inalado fumaça. Uma quarta pessoa também teve a prisão decretada e deve se apresentar ainda hoje. Também já foram cumpridos mandados de busca e apreensão.

A polícia havia recebido a informação de que a casa noturna teria câmeras de segurança, cujas imagens poderiam ser utilizadas na investigação. No entanto, no local do incêndio, nada foi encontrado por eles. As buscas foram estendidas possivelmente às casas dos sócios, mas sem sucesso. Segundo a administração da boate, os aparelhos estariam sem funcionar havia três meses. A polícia, no entanto, suspeita que as imagens tenham sido subtraídas.

Vinte depoimentos já foram prestados e três perícias foram realizadas na boate, localizada em Santa Maria. A última foi feita nesta manhã. O governador do estado, Tarso Genro, disse que a principal questão neste momento “é saber as causas do incêndio, para que possam indicar a responsabilidade de cada um”. Ressaltou que a polícia precisa ter um corpo de provas que indique o que deu causa ao fogo. Ele também se disse orgulhoso pelo empenho da polícia, que efetuou um trabalho em duas frentes: a primeira foi centrada no reconhecimento e liberação de corpos; a segunda, realizada agora, é a investigação, que buscará, segundo ele, punir todos os responsáveis, direta ou indiretamente, pela tragédia.

Familiares reunidos em velório no cemitério municipal (Carlos Vieira/CB/DA Press)
Familiares reunidos em velório no cemitério municipal
Despedida

Após um domingo marcado pela dor e sofrimento dos familiares e amigos das vítimas do incêndio em Santa Maria, os cemitérios locais realizaram uma força-tarefa para que os sepultamentos ocorram o mais rápido possível. A tragédia contabiliza 231 mortos e 106 feridos, de acordo com a lista final divulgada pela Secretaria de Segurança e pela Defesa Civil do estado. As vítimas, em sua maioria, provavelmente morreram intoxicadas.

A presidente Dilma Rousseff, que encurtou a viagem ao Chile para se encontrar com os familiares das vítimas, decretou luto oficial de três dias no país. Desde a tarde de ontem, as bandeiras na Esplanada dos Ministérios e no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, estavam a meio mastro. O prefeito de Santa Maria (RS), Cezar Schirmer, decretou luto oficial de 30 dias na cidade.

A tragédia também foi recebida com pesar na capital federal. O Governo do Distrito Federal (GDF) decidiu cancelar a cerimônia que marcaria a contagem regressiva para os 500 dias da Copa do Mundo. Em nota oficial, o GDF disse que "o governador lamentou o ocorrido no Rio Grande do Sul" e que este é um domingo de tristeza para todo o povo do Distrito Federal.

O acidente

O fogo começou durante a madrugada, com um sinalizador utilizado pelo grupo musical Gurizada Fandangueira, que se apresentava no local, segundo os bombeiros. Ao menos no início, a porta de saída foi bloqueada pelos seguranças, que tentavam fazer com que as pessoas pagassem a entrada antes de sair, segundo sobreviventes. Em meio à fumaça intensa, as pessoas entraram em pânico e acabaram pisoteando umas às outras.

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