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Polícia identifica sete suspeitos de vandalismo em protesto em Brasília

A Polícia Civil identificou sete suspeitos de envolvimento nos atos de vandalismo ocorridos durante manifestação realizada nesta quinta-feira (20) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. De acordo com o diretor-geral da corporação, Jorge Luiz Xavier, quatro foram identificados pela própria entidade; os outros três, denunciados anonimamente pela população.
Brasília - Polícia tenta afastar os manifestantes que tentam invadir o prédio do Itamaraty (Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo)Polícia tenta afastar manifestantes que ameaçam invadir o prédio do Itamaraty (Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo)
O protesto desta quinta-feira, que reuniu mais de 60 mil pessoas, terminou com pichações em cinco ministérios, destruição de 13 placas de sinalização e retirada de 15 holofotes das fachadas dos ministérios quebrados e das bandeiras dos 26 estados e do DF que ornamentavam a Alameda dos Estados. Mais atingido pelo vandalismo, o Palácio do Itamaraty foi invadido por um grupo de manifestantes, que lançou pedras e objetos contra a fachada de vidro, fez pichações e ateou fogo junto a uma pilastra.
Segundo Xavier, os suspeitos já começaram a ser intimados e devem começar a depor a partir de segunda-feira. Ele informou que todos têm entre 18 e 25 anos, são de classe média e moram em Taguatinga e no Plano Piloto.
As investigações, feitas com base em imagens cedidas pela Polícia Militar e fotos de arquivo, não têm previsão para acabar, mas o diretor-geral diz estimar que o número final seja maior. “É muito mais do que isso. As imagens deixam claro que é um número maior. Todos que estavam na rampa do Itamaraty deixavam claro que a tendência era a depredação, por exemplo.”
Responsável pela comunicação da PM, o tenente-coronel Zilfrank Antero disse que a corporação gravou toda a movimentação durante as manifestações. “O que sabemos é que boa parte dos indivíduos são os mesmos, desde as ações de sábado [na abertura da Copa das Confederações, quando um grupo protestou na frente do Estádio Nacional de Brasília]. São sempre os mesmos que estão aí, atuando de forma violenta”, disse.

O secretário de Segurança, Sandro Avelar, disse que a pasta vai manter o mesmo esquema nas próximas manifestações. “Acho que [a atuação dos policiais nesta quinta] foi perfeita, conseguiram manter um equilíbrio, garantindo que a ação violenta de alguns poucos não afetasse a integridade física dos manifestantes, que tinham legitimidade de exercer o seu direito democrático, de dar sua opinião”, afirmou.
Em coletiva realizada após o protesto, o secretário falou que a polícia vai identificar os vândalos infiltrados e prendê-los. Avelar afirmou que não é possível ainda determinar as penas a que cada um vai responder, se condenados pela Justiça. “As ações foram diversificadas. Teve prédio público federal atacado, PMs atacados. Os atos de vandalismo variam, como também varia a competência da polícia. Parte vai ser objeto de fiscalização da Polícia Civil, parte da Polícia Federal.”
Balanço
A manifestação desta quinta-feira (20) terminou com três prisões e 127 pessoas atendidas pelos bombeiros e pelo Samu, segundo balanço da Secretaria de Segurança Pública. A maioria dos atendimentos médicos ocorreu por irritação provocada pela inalação de gás lacrimogêneo, ferimentos provocados por pedradas e torções. De acordo com a Secretaria de Saúde, uma morte foi registrada no viaduto do Plano Piloto, que aparentemente não tinha a ver com o protesto.
A manifestação teve início por volta das 17h. O grupo se concentrou em frente ao Museu Nacional de Brasília e seguiu pela via N1 do Eixo Monumental até o Congresso Nacional. Pouco antes das 20h, manifestantes e PMs entraram em confronto.
A corporação usou spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo para tentar conter uma minoria que lançava rojões, sinalizadores, pedaços de madeira contra os policiais e faziam fogueiras no gramado em frente ao Congresso. Um manifestante que atirou um cone nos PMs e foi preso. Ele foi contido e levado para a viatura da Polícia Legislativa.
Presente na manifestação, o empresário carioca Luiz Felipe Godoy criticou a atuação dos vândalos. “Esses cem imbecis que ficam na frente e começam a jogar pedra comprometem o movimento, que é de todo mundo. Não precisa de nada disso. A polícia também não precisa reagir como reagiu. Eu acho que a Dilma vai vir aqui. Ela já lutou com arma em punho e vai entender a nossa causa.”
Barco retira lixo e objeto de dentro do espelho d'água do Itamaraty na manhã desta sexta(21) (Foto: Antonio Cruz/ABr)Com barco, homem retira cones e objetos jogados por manifestantes contra policiais no espelho d'água do Itamaraty (Foto: Antonio Cruz/ABr)
A Polícia Militar montou três cordões de isolamento. Um helicóptero também sobrevoava a baixa altitude a multidão, iluminando os manifestantes.
Tentativa de invasão ao Itamaraty
Parte dos integrantes se retirou da frente ao Congresso Nacional e se dirigiu ao Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, e tentou invadir o prédio. Eles ocuparam as rampas do Itamaraty, lançaram objetos contra a fachada de vidro do palácio, fizeram fogueiras e pressionaram para entrar.

Policiais que estavam no interior do prédio saíram pelas duas rampas usando extintores de incêndio e spray de pimenta para obrigar o grupo a recuar. Alguns manifestantes chegaram a invadir o palácio, mas foram repelidos. Outros entraram no espelho d'água e subiram na escultura "Meteoro". Alguns usaram a escultura como "trampolim" para se atirar no espelho d'água.
No Congresso, um homem foi detido pela Polícia Legislativa depois de furar o bloqueio policial e entrar no prédio. De acordo com a polícia, o homem preso tem cerca de 30 anos e poderá ser autuado por crime de desobediência.
Fogo em tenda e pedra na Catedral
Os manifestantes queimaram cartazes e faixas durante protesto em frente ao Congresso. Eles chegaram a colocar fogo em cones de sinalização de trânsito, logo após a tentativa de invasão ao Itamaraty.
Um grupo de pessoas ateou fogo em entulhos, cones, cartazes em uma caçamba de e em uma tenda que estavam próximas ao prédio da Ministério do Trabalho. Os bombeiros foram impedidos de conter o fogo. Os participantes do protesto começaram a gritar "deixa queimar". As chamas atingiram a rede elétrica.
O policiamento demorou cerca de uma hora para chegar ao local. Enquanto isso, os manifestantes jogaram madeira para aumentar o incêndio. Algumas pessoas começaram a destruir uma cerca de metal no local.
Os manifestantes também arrancaram algumas bandeiras que ficam nos mastros instalados na Alameda dos Estados. Um vitral da Catedral Metropolitana ficou trincado depois que um participante do protesto arremessou uma pedra contra o templo.
Por volta das 23h45, os policiais militares começaram a deixar o Congresso Nacional.
Fonte: g1.com

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