Elissandro Spohr está preso temporariamente por cinco dias e deve ser posto em liberdade na sexta-feira
Santa Maria (RS) - O delegado Marcelo Arigony, que
cuida das investigações do incêndio na Boate Kiss, confirmou hoje (30)
que um dos sócios da casa noturna, Elissandro Spohr, conhecido como
Kiko, tentou se matar na noite de ontem (29). Kiko está internado, sob
custódia, em um hospital na cidade de Cruz Alta e teria usado a
mangueira do chuveiro para tentar se enforcar. “Mas ele está bem e foi
agora algemado na cama para evitar novas tentativas”, disse o delegado.
Elissandro
Spohr está preso temporariamente por cinco dias e deve ser posto em
liberdade na sexta-feira (1º). Além dele, estão presos dois integrantes
da banda Gurizada Fandangueira e o outro sócio da boate, Mauro Hoffman.
Hoje o delegado Arigony disse que está com dificuldades de conseguir
prorrogar a prisão dos quatro por motivos legais.
“Pedimos a
prisão temporária por 30 dias e só conseguimos cinco. Agora precisamos
renovar essas prisões e estamos com dificuldade. Não é culpa do
promotor, do juiz ou do delegado, é a legislação que exige requisitos
muito específicos”, explicou Arigony.
Segundo ele, há uma
preocupação com a preservação de provas e que os suspeitos possam
corromper testemunhas. “Um deles [sócio da boate], por exemplo, tem
muita influência sobre os funcionários”, explicou.
Apesar disso, o
promotor criminal Joel Dutra também admitiu que será difícil manter os
suspeitos presos. De acordo com ele, a legislação é feita para
privilegiar a liberdade, enquanto não houver julgamento, questões como o
clamor público não podem ser usadas para justificar as prisões
temporárias. “É preciso comprovar requisitos muito específicos [de
acordo com a jurisprudência], como a possibilidade de fuga ou a
reincidência no crime, coisas que aparentemente não são prováveis de
acontecer neste caso”, explicou.
Segundo ele, o Código de
Processo Penal Brasileiro prevê a substituição da prisão por medidas
preventivas como proibir que os suspeitos deixem a cidade. Nem a
preservação da integridade física dos próprios presos, diante do clima
emotivo que se estabeleceu em Santa Maria, poderá ser usada como
justificativa para manter a prisão deles. “Caberá ao Estado garantir a
integridade dessas pessoas, não se pode mantê-las presas sob essa
justificativa”, completou o promotor.
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