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Ministra Cármen Lúcia convoca eleitores e ressalta a importância do voto

A 10 dias das eleições municipais, a ministra Cármen Lúcia pediu ontem à sociedade que não perca a crença na política diante de escândalos como o mensalão. Depois de condenar 12 réus por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fez questão de estimular os brasileiros a irem às urnas no próximo dia 7. Cármen Lúcia lembrou que a política é essencial em um estado democrático de direito e pediu aos brasileiros que não confundam os réus do mensalão com toda a classe política. “Os eleitores devem perceber a importância do voto. Isso não deve ser algo que aborreça, deve ser tomado como exercício inerente à cidadania.”

Apesar do voto incisivo contra réus ligados ao PP, ao PL, ao PMDB e ao PTB, a presidente do TSE fez questão de frisar que a corrupção não é um problema generalizado e pediu que os eleitores não tomem o mensalão como padrão da política brasileira. “Meu voto não é absolutamente qualquer sinal de desesperança na política, menos ainda a desconsideração da importância da política para o estado democrático de direito”, explicou a ministra.

A ministra Cármen Lúcia fez um apelo à juventude:'Não gostaria que jovens desacreditassem na política por causa do erro de um ou de outro' (Nelson Jr)
A ministra Cármen Lúcia fez um apelo à juventude:"Não gostaria que jovens desacreditassem na política por causa do erro de um ou de outro"


Mas ela não diminuiu a gravidade do episódio do mensalão e atribuiu à corrupção a perda de qualidade de vida de cidadãos de várias cidades brasileiras. “Não gostaria que jovens desacreditassem na política por causa do erro de um ou de outro. Mas quem exerce um cargo político deve ter mais rigor em termos de ética do que aqueles que tratam de suas próprias coisas. Um prejuízo no espaço político significa que uma sociedade inteira foi furtada”, comentou Cármen Lúcia. “É uma escola que não chega, um posto de saúde que deixa de ser construído, é o saneamento que falta em centenas de cidades por causa do escoadouro dessa práticas”, acrescentou a ministra.

Complexidade

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reconheceu a complexidade do sistema político brasileiro, mas garantiu que isso não justifica atos como os dos réus do mensalão. “A política deve ser mesmo muito difícil, 513 pessoas completamente diferentes tendo que chegar a um consenso. Mas a política é necessária para a sociedade”, justificou a magistrada. “O sistema brasileiro é muito difícil porque um governo que não tem a maioria parlamentar tende a não se sustentar, ele cai. Cada vez mais é preciso rigor na ética, para que a gente cumpra esse modelo brasileiro tão difícil com o rigor que a sociedade espera.”

Cármen Lúcia reconheceu que a maior parte da sociedade brasileira está descrente com a política, mas pediu que os eleitores deixem de lado a falta de esperanças para tentar mudar o panorama. “A sociedade chega às vésperas de uma eleição com boa parte de seus 138 milhões de eleitores demonstrando mais que do que desesperança, mas um desencanto”, comentou a presidente do TSE, lembrando que há muitos bons políticos em atuação atualmente.

A ministra, que foi a terceira a votar na sessão de ontem, reconheceu ter ficado triste com as condenações que proferiu durante o julgamento. Ela citou que o fato de ex-parlamentares e deputados ainda com cargo terem sido considerados culpados do crime de corrupção agrava a descrença da população. “Fico triste com a condenação desses que receberam uma confiança tão grande dos eleitores. Mas a ética é a única forma possível de atuar na sociedade”, finalizou a presidente do TSE.

Toque feminino

A ministra Cármen Lúcia está no Supremo desde 2006, mas só foi eleita presidente do Tribunal Superior Eleitoral em março deste ano. Ela substituiu o ministro Ricardo Lewandowski, hoje revisor do processo do mensalão no STF. Cármen Lúcia é a primeira mulher a comandar a Justiça Eleitoral e terá um mandato de dois anos.

“A sociedade chega às vésperas de uma eleição com boa parte de seus 138 milhões de eleitores demonstrando mais que do que desesperança, mas um desencanto”
Cármen Lúcia, ministra do STF e presidente do TSE

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